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sexta-feira, maio 06, 2011

João Marcos é morador do bairro e quiz também se manifestar. Sua carta não foi publicada no Estado de Minas. Então está sendo aqui! Bem Vindo!

Como morador do bairro há 19 anos, venho me manifestar sobre a matéria do Estado de Minas desta quarta-feira, a respeito do projeto que visa transformar o Mercado Distrital do Cruzeiro, um patrimônio da cidade de Belo Horizonte, em um shopping-center-hotel-centro-gastronômico-estacionamento-etc. Uma pena a postura do Estado de Minas de encampar o discurso da Prefeitura, que mais uma vez distorce a realidade. Assim como quatro anos atrás, não cabe comparar o Distrital do Cruzeiro aos finados Barroca e Santa Tereza. As únicas opiniões condizentes com o que a comunidade do bairro presencia quando vai ao mercado são as da colega jornalista Flávia Denise de Magalhães e da presidente da Amoreiro e vizinha Patrícia Caristo.


Tanto é "vivo e pulsante" o Distrital do Cruzeiro que os feirantes, com o apoio da comunidade do bairro, conseguiram vencer em 2007 a especulação imobiliária e a Prefeitura e garantiram mais 35 anos de concessão em concorrência pública. Dali não foram retirados à força pelo ex-prefeito Fernando Pimentel. Por favor, quatro anos depois, não tentem nos empurrar a opinião do tal senhor Marcelo Faulhaber, de que o Distrital do Cruzeiro corre o risco de desaparecer. Essa é uma discussão há muito superada, só não vê quem não quer.

O que me surpreende é que agora apresentam o shopping-center-hotel-centro-gastronômico-etc como solução para o trânsito no bairro (!). Me desculpe, senhor Faulhaber, mas não há empresa de avaliação de impacto no mundo capaz de provar que um empreendimento de tal porte "resolverá o problema do trânsito" (!). Querem enganar a quem? Ora, o monstrengo proposto aumentará, e muito, o tráfego de veículos na região, não o contrário. Se a justificativa para a construção do monstrengo for essa, a comunidade há de vencer a Prefeitura novamente. Estamos no aguardo pelas consultas públicas!

Não somos contra a revitalização do mercado, só não queremos que o espaço seja transformado em shopping center e totalmente descaracterizado. Chega de levar Belo Horizonte a ser cada vez mais uma cidade sem identidade! Faço minhas as palavras de Flávia Denise. A diferença é que me mudei para o bairro aos 11 anos, vindo do interior, e que não gosto de chantilly. De resto, assino embaixo. O texto dela capta exatamente o medo de quem tem o Distrital do Cruzeiro como parte da sua identidade de belo-horizontino. Queremos o mercado presevrado como tal, e não transformado em empreendimento novo-rico!

Fiquei muito feliz em saber que o arquiteto Gustavo Penna e o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) estão se mobilizando pela preservação do nosso patrimônio. Sinal de que teremos em breve uma proposta condizente com os anseios da comunidade, de menor impacto na região e, principalmente, que respeite a história e o patrimônio do bairro Cruzeiro. Apoio total à luta da Amoreiro!


João Marcos Dias
Morador da rua Ouro Fino, nº 59 - Apto 402