Começamos oficialmente o ano pensando em luta!
Nossa primeira reunião aconteceu no último dia 17, com bom quórum e pessoas animadas a encarar os desafios de uma boa briga. O alvo da luta é o mega projeto que, sob a égide de "salvador" pode descaracterizar completamente o nosso querido e tradicional Mercado Distrital do Cruzeiro, se não extingui-lo de vez.
Muitos pensam que estamos entrando em uma guerra perdida contra a Prefeitura de Belo Horizonte. Já dão como certa a parceria público privada oficializada pela escolha do projeto que supostamente saiu vencedor de uma concorrência de Pedido de Manifestação de Interesse ( no caso o PMI 05/2010) lançado pela PBH, para a construção de um centro gastrômico, shopping center, hotéis , estacionamento com 2.o00 vagas, etc. onde hoje resiste bravamente o nosso distrital.
Esta certeza da derrota antes mesmo do esboço da luta incomoda espíritos combativos como o meu e de meus colegas de associação. Por isso resolvemos lutar contra o pessismo, contra a inércia e contra a aceitação passiva de uma imposição que nos agride como moradores do bairro e como cidadãos.
Saiba mais:
A notícia chegou a poucos moradores do nosso bairro extra oficialmente, mas de fonte segura e privilegiada e ressaltava a inevitável descaracterização e, quiçá, o total aniquilamento do tradicional Mercado Distrital do Cruzeiro, localizado em terreno público. O Distrital do Cruzeiro tem sido alvo, nos últimos anos, de várias tentativas de fechamento ( ou mudança de ramo), todas frustradas pela resistência da opinião pública e de seus usuários que não apenas desejam que ele seja mantido ali, mas também que seja respeitado, revigorado e incorporado ao patrimônio cultural da cidade.
A pura realidade é que na esfera pública corre a máxima que já não existe espaço na cidade de Belo Horizonte para os mercados distritais. A gestão administrativa da Prefeitura de Belo Horizonte não se acanha em dizer que já sucumbiram às pressões ( de todos os tipos, inclusive à imobiliária) todos os mercados distritais que existiam na cidade, como o Barroca, o de Santa Tereza, e outros. Afirma, com todas as letras que o fim do Distrital do Cruzeiro é apenas uma questão de tempo. Os moradores do bairro não concordam com esta visão fatalista e também não assinam embaixo da política de esvaziamento daquele espaço perpetrada pela Prefeitura, muito empenhada em demonstrar que o mercado distrital está agonizante.
Os freqüentadores do mercado sabem que o Distrital do Cruzeiro não estaria no atual estado de penúria se não tivesse sido largado à sua própria sorte e se tivessem sido realizadas com freqüência as licitações para ocupação dos espaços que iam ficando disponíveis - pois há cerca de 04 anos a Prefeitura deixou de licitar os espaços vagos. Existem hoje dezenas de boxes fechados, enquanto tem sido insistentemente descartados os interessados em ocupar os espaços para desenvolver seu comércio e enriquecer o mix de produtos disponível. É também conhecido de longa data o total o descaso da PBH no que diz respeito à infra estrutura básica do Mercado e suas instalações físicas, chegando ao ponto de, em dias de chuva, ser necessário aos usuários andar de guarda chuva aberto pelos seus corredores.
Em suma: é bem fácil de se constatar que a vontade política corre na contra mão de uma eficaz revitalização dos espaços do Mercado do Cruzeiro, não havendo interesse por parte da administração pública em ouvir e respeitar a vontade das pessoas que compõem as comunidades vizinhas a que ele atende e que não querem que ele seja extinto e muito menos descaracterizado.
ASSOCIAÇÃO DOS CIDADÃOS DO BAIRRO CRUZEIRO:
criada para garantir que a voz dos moradores seja ouvida
e seus direitos reconhecidos.
Diante da real possibilidade de instalação de um mega empreendimento totalmente indesejado pelos moradores do Bairro Cruzeiro e cercanias fundamos a ASSOCIAÇÃO DOS CIDADÃOS DO BAIRRO CRUZEIRO que vem se encontrando semanalmente na sede do IAB/MG ( Rua Mestre Lucas 70) para definir as estratégias de combate ao projeto escolhido pela PMI 05/2010 , e ainda não licitado.
O projeto, apresentado recentemente à diretoria e associados da Associação dos Cidadãos do Bairro Cruzeiro pelos que o estão gestando, representados pelo diretor da Santec Engenharia, Dr. Júlio Amaro, prevê a construção de um shopping Center (com o objetivo de trazer retorno do investimento financeiro), dois hotéis ( contemplando a necessidade de aumentar a infra estrutura hoteleira da cidade para Copa do Mundo ) e um enorme estacionamento com vagas para 2.000 veículos (que além de trazer retorno financeiro para o investimento, supostamente resolveria o problema do caos do trânsito no bairro causado pelas sucessivas e descontroladas expansões do campus da UNIVERSIDADE FUMEC, vizinha ao Mercado Distrital e parceira da Santec neste empreendimento.
Por diversos motivos os diretores da Amoreiro ( nome fantasia da Associação) saíram desta reunião convencidos que o projeto é totalmente inadequado para as características do bairro – que é tipicamente residencial e decidiram que vão iniciar uma campanha de esclarecimento entre os moradores sobre os inegáveis malefícios resultantes deste empreendimento, entre eles, o impacto que ele causará sobre as já combalidas redes de esgoto e energia ( o Cruzeiro sofre com transbordamentos dos esgotos com chuvas mais fortes e constantes apagões ao menor sinal de chuva que a CEMIG parece não saber resolver), a sobrecarregada rede viária ( o bairro sofre com vias de acesso totalmente sobrecarregadas pelo tráfego dos carros de alunos da FUMEC nos horários de início de término das aulas em seus 3 turnos), apenas para citar alguns.
O projeto também eliminaria uma das únicas áreas abertas de que o bairro dispõe ( o atual estacionamento do Mercado) enchendo de edificações um local que hoje é aprazível e reconhecido como nosso espaço de céu aberto, um local que os moradores desejam que venha a ser uma grande área de convívio e de lazer não só para o Cruzeiro e bairros da vizinhança, mas para a cidade de Belo Horizonte.
Pelo projeto apresentado, dentro do empreendimento, a estrutura prevista para a manutenção do mercado distrital foi considerada completamente inadequada, entre outros motivos, por seu grau de arrojamento. Os dirigentes da Amoreiro acreditam que a mudança do Mercado Distrital para o interior deste sofisticado prédio - que também abrigará hotéis e shopping Center - será a pá de cal para o Mercado Distrital nos moldes que ele existe hoje. Dificilmente os pequenos e simples feirantes que hoje formam o grosso dos comerciantes do Mercado Distrital poderiam resistir ao modelo de “mercado gourmet” proposto no projeto do empreendimento. Além disso, esta mudança sacrificaria o clima de mercado de bairro que todos querem preservar por motivos culturais e afetivos.
Estes e muitos outros problemas detectados pela diretoria da Cidadãos do Cruzeiro começarão a ser debatidos com os moradores dos bairros que circundam o Mercado no próximo sábado, em ações que pretendem despertar pessoas para a luta por um projeto de revitalização do Mercado Distrital do Cruzeiro e do Parque Amilcar Vianna Martins que atenda ao homem e não ao capital.
Neste sentido iniciamos nesta semana a Campanha
SALVE O MERCADO DISTRITAL DO CRUZEIRO!
Se você acredita no seu direito em viver em uma cidade humana, acolhedora e sustentável, junte-se à nós! Deixe aqui seu email para que possamos informá-lo(a) das nossas próxima ações.
postado por Patricia Caristo ( presidente da Associação dos Cidadãos do Cruzeiro)